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As Estações da Alma

Eu  já fui muito de “viver num eterno verão”, onde tudo era riso, festa e celebração, mesmo que por dentro a coisa não fosse exatamente assim. Era bem o que dizia aquela musiquinha do Charles Chaplin que o Djavan canta:  ” Sorri. Quando a dor te torturar. E a saudade atormentar. Os teus dias tristonhos, vazios. Sorri. Quando tudo terminar. Quando nada mais restar. Do teu sonho encantador. Sorri. Quando o sol perder a luz. E sentires uma cruz. Nos teus ombros cansados, doridos. Sorri. Vai mentindo a tua dor. E ao notar que tu sorris. Todo mundo irá supor que és feliz”.

A coisa pode parecer muito bonita, muito poética e até muito heroica, mas é, na verdade, uma falácia, porque assim como a natureza, a alma também tem estações, e é preciso respeitar e viver cada uma delas. Camuflar uma dessas estações e tentar viver eternamente em outra é furada, não funciona e causa danos emocionais por vezes irreparáveis.

Não a idade, mas as experiências de vida fazem a gente mudar muito, e eu mudei, e aprendi a viver as minhas estações com tranquilidade, porque a vida é mesmo cíclica e as coisas vão se repetindo sempre, mas de forma diferente. O que isso significa? Significa que tem época pra chorar, tem época pra sorrir, tem época pra amar, tem época pra separar, tem época pra acelerar, tem época pra esperar, tem épocas de manter os pés no chão, tem épocas de manter a alma no alto, e está tudo certo, porque tudo é fase, tudo é aprendizado e a gente precisa viver cada uma dessas coisas.

outono

O inverno da alma é a estação mais difícil de ser vivida e compreendida. É a fase que a gente mais tenta esconder, camuflar, passar por cima… É o tempo das perdas, de todos os tipos, das limitações, dos choros, das dores, das separações e  dos sofrimentos, e isso nunca é bom. Só que todas nós, por muitas vezes, teremos que passar por essa estação, que é também o fim de um ciclo, uma época de recolhimento necessário, uma fase em que nos interiorizamos mais e aprendemos mais sobre nós mesmas. É também a fase necessária pra que tenhamos mais força pra recomeçar, dando início a primavera da alma.

A primavera da alma é a fase onde “brotamos” , onde irrompemos com toda força, com toda beleza pra vida. É a fase da alegria, da felicidade, do contentamento, da leveza e do desabrochar. É aqui que realizamos, que fazemos e acontecemos. Só que essa fase também passa, dando lugar ao verão da alma, que é uma fase de plenitude, onde buscamos nosso lugar no mundo, onde nos divertimos, onde compartilhamos a vida. É o tempo dos prazeres, um tempo solar, onde as ambições e realizações estão a todo vapor.

Depois do verão, vem o outono da alma, que é a fase das mudanças, dos questionamentos e buscas internas. É a época da colheita interna, mas também a época dos conflitos internos, onde nos questionamos quem somos, o que queremos, para onde vamos.

Viver profundamente cada uma dessas fases é o “portal” para viver uma vida “real” e plena de significado.

Beijos

Ju Lopes

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Written by Nat

Sou jornalista, blogueira, louca por cosméticos e chocolate. Escrevo sobre um pouco de tudo que for relacionado ao universo feminino.

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