Ontem foi o dia dos solteiros e inspirada no chavão do Jamil resolvi escrever o que acho nessa neo solteirice.
Aqui pela Bahia há anos ouvimos e entoamos nas proximidades do verão e, mais ainda, do carnaval, que é a festa de celebração da solteirice, o hino “sou praieiro, sou guerreiro, tô solteiro, quero mais o que???”.
É certo que somos, por natureza, seres agregadores e que a idéia de dividir a vida com alguém que nos ame e proteja é tentadora. Mas existem algumas pessoas que não nasceram para viver com o outro a menos que o outro valha muito a pena e eu sou, ao menos nesse momento, uma dessas pessoas.
Existem basicamente três tipos de solteira: a que está a procura , que está curtindo adoidado e a que está tranquila com essa fase.
Tenho que confessar que eu sou adepta a solteirice e que ando muito tranquila com isso pois acho que as vantagens que ela me trás supera de goleada as desventuras. Mas isso é COMIGO, não significa que será assim para todas as pessoas…Acontece que eu gosto muito mais de mim quando estou sozinha e acho mesmo que a vida, ao menos a minha, se torna muito mais interessante, rica e criativa quando estou sozinha. É, essa liberdade me faz bem…
Quando eu falo da solteirice, não falo das farras alucinadas e dos clichês básicos que acompanham o tema… Eu falo dos pequenos prazeres, do auto-namoro, de todos esses pequenos detalhes tão prazerosos que se perdem quando estamos com alguém. Acho mesmo que antes de namorar quem quer que seja devemos namorar com nós mesmas, devemos cuidar com carinho de cada parte da gente e, mais que isso, devemos nos dedicar, regar e acarinhar as nossas vidas.
Sinceramente, a idéia de abrir mão de coisas que me são tão caras, como a liberdade de ser o que eu sou e fazer o que eu tiver vontade por outra pessoa não me seduz nem um pouco. É egoísmo? É, eu assumo. Mas é que eu gosto tanto de mim e tenho tanto apreço pelo meu tempo, que é sagrado, que a idéia de dedicá-lo para outrem me dá agonia.
Meu tempo é para mim, para os meus amigos, para minha mãe, para o meu cachorro e não para as dezenas de estranhos (sim, são estranhos mesmo) que costumam entrar e sair de nossas vidas ano após ano e às vezes causando danos pesados demais. Não, isso não é radicalismo ou rabugice, é constatação.
Ademais, fazer concessões não está nos meus planos… Acho muito feia essa palavra…Isso de “eu faço a metade” e “você faz a metade” não funciona pra mim… Eu não faço nada pela metade, é tudo inteiro.
Concordo inteiramente com Lou Von Salomé quando a mesma diz que “só aquele que permanece inteiramente ele próprio pode, com o tempo, permanecer objeto do amor, porque só ele é capaz de simbolizar para o outro a vida, ser sentido como tal. Assim, nada há de mais inepto em amor do que se adaptar um ao outro, de se polir um contra o outro, e todo esse sistema interminável de concessões mútuas… e, quanto mais os seres chegam ao extremo do refinamento, tanto mais é funesto de se enxertar um sobre o outro, em nome do amor, de se transformar um em parasita do outro, quando cada um deles deve se enraizar robustamente em um solo particular, a fim de se tornar todo um mundo para o outro.”
Tá, eu sei que as pessoas são diferentes, tem quereres e vontades diversas, mas essa de abrir mão e ceder o tempo todo acaba aleijando a gente… Por isso que quando as relações terminam a gente sequer sabe quem a gente é, porque nos adequamos tanto ao outro, a simbiose é tão profunda, a ânsia de agradar e de querer fazer dar certo é tamanha que resulta numa despersonalização de nós mesmas e isso eu não quero.
Se eu acredito no amor? Mas é claro que sim. Acredito no amor, mas não no fast food amoroso que vejo todos os dias. Acredito tanto no amor que digo que para sair do meu estado de solteirice convicta (acho isso tãooooo francês!) só mesmo amando pra valer, coisa que jamais aconteceu.
É, com certeza estamos bem mais exigentes e seletivas… E a proximidade dos 30 piora tudo viu? Mas gente, se é para abrir mão da vida que tanto prezo (é abrir mão sim, pois cada escolha é uma renúncia) tem que valer muito a pena e esse é o ponto.
Os homens, em geral, não acompanharam a evolução feminina, e muitos deles não sabem o que fazer com mulheres que são seguras, independentes e bem resolvidas. Com esse tipo de mulher eles simplesmente não conseguem lidar…
Diante disso eu só posso dizer que a solteirice tem sido uma opção inteligente, pois conviver com pessoas ( e isso vale para namorado, marido, amigo…) que não respeitem o que nós somos, que precisem nos diminuir para se sentirem seguros e nos controlar para não se sentirem vulneráveis é uma opção que não deve existir.
Beijos
Ju