Perder alguém que a gente ama até pode ser um fato natural, mas não acredito que alguém consiga encarar isso com naturalidade, porque a dor da perda é pior que existe, é a dor do “nunca mais”: nunca mais o abraço que conforta, nunca mais a mão que auxilia, nunca mais o olhar que compreende, nunca mais as risadas tão cúmplices, nunca mais o carinho que parecia não ter fim… Nunca mais o nosso porto seguro, a certeza de que não estamos sós… Nunca mais.
Todos os dias recebo muitos e-mails, e muitos deles não tem nada a ver com beleza, dieta, cabelos, saúde ou maquiagem. Muitos são sobre coisas da vida mesmo. A briga com o namorado/marido/amante, as discussões com a irmã, a implicância do pai, o trabalho desgastante, mas hoje recebi um que falava de como lidar com a perda de alguém que a gente ama, como encarar e como sobreviver a isso.
A Ana Carla disse que perdeu a irmã gêmea há dois meses e que não entendia como todo mundo conseguia seguir a vida quando uma parte dela tinha ido embora. Não entendia, também, porque as pessoas próximas diziam que ela não deveria chorar e nem sofrer, pois não havia mais nada a ser feito.
Eu li e reli o e-mail várias vezes e fiquei muito tempo procurando uma resposta para dar, mas a verdade é que eu não tenho essa resposta, e acho que ninguém tem, na verdade. Lembrei de todas as pessoas que já perdi, incluindo amigos (Ênio e Tatu, quanta saudade!), pessoas próximas (Goinhaa, ainda me pego lembrando das suas gargalhadas! Tio Edson, toda vez que alguém me chama de canguinha lembro do senhor…Por que será? ) e a minha avó (saudade do beijo estalado, do cheiro que só ela tinha e do bolo de puba que ninguém sabe fazer igual!), e tentei fazer um apanhado de como lidar com isso, mas eu acho mesmo que só o tempo é capaz de fazer com que a gente supere esse tipo de coisa.
Uma coisa que eu aprendi, e que acho de essencial importância, é que é preciso viver o luto. Não adianta fugir, não adianta tentar “passar por cima”, tentar ser forte, aparentar estar bem… Porque a gente só consegue “ir em frente” e retomar a vida, mesmo cheia de saudade, se viver essa fase até a última gota. Se está doendo (e vai doer, vai estraçalhar tudo por dentro), deixa doer, não tem porque fingir que não está. A gente tem que chorar mesmo, tem que ficar triste mesmo, tem que sentir falta mesmo, tem que colocar pra fora toda a dor daquele momento, porque ela existe, é real e tem que ser vivida.
Então, respondendo ao e-mail da Ana Carla, é preciso viver cada uma das etapas desse momento, a etapa do choque, a etapa da negação, a etapa da revolta e, por fim, a etapa da tristeza profunda. É preciso expressar de alguma forma toda a dor que você está sentindo e não tentar reprimir nenhum tipo de emoção, seja ela qual for. Pelo que eu já vivi, acho que só colocando tudo pra fora e vivendo tudo o que, no momento, precisamos viver é que conseguimos, na hora certa, irmos adiante.
Beijos
Ju Lopes