Preciso falar sobre a ansiedade
Bom, provavelmente – ANSIEDADE – vai ser um assunto que vou falar com frequência por aqui. Para não ficar um texto muito extenso, vou comentar hoje falando de como descobri que sofria do TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA (TAG), os meus primeiros sintomas e como lidei com o diagnostico.
Como eu descobri
Em meados de 2014, comecei a passar muito mal com arritmia, sentia meu coração batendo tão rápido que me deixava com falta de ar, acompanhado desse sintoma, veio um enorme medo de morrer, náuseas, enjoos, uma dor de cabeça inexplicável e por fim as frequentes crises de choro durante qualquer hora do dia, sem motivo aparente.
As vezes eu achava que chorava porque sentia medo do coração batendo tão rápido,e ao mesmo tempo eu não entendia o porque dele bater nessa frequência, eu mesma me culpava por achar que estava chorando sem motivo.
Foi então que decidi descobrir o que me afetava, procurei cardiologista, neurologista e um gastroenterologista para poder descobrir as causas das dores físicas que eu tinha. Nesse ano eu fiz milhares de exames, todos possíveis .. e o resultado foi que o cardiologista não achou nada, o coração estava perfeito.
O gastroenterologista descobriu uma esofagite em grau 2, e foi ele que me deu a primeira dica de que o problema seria emocional, me indicando que eu poderia ter tido refluxo emocional o que causou a esofagite, e por fim nos exames neurológicos também não foi encontrado nenhuma alteração, porém o neurologista me encaminhou para um psiquiatra.
Demorei mais de um mês para procurar um psiquiatra, pois fiquei me questionando se estava maluca, e me sentia mal com isso. Resolvi ir em uma consulta, pois os sintomas físicos da ansiedade não me deixavam viver em paz, e logo na primeira consulta eu entendi que existem doenças emocionais e elas são sérias e devem ser tratadas como todas as outras.
Eu não estava doida, eu estava doente
Comecei o tratamento com medição, exercícios de respiração e atividades indicadas pelo meu psiquiatra. Em 3 meses vi minha vida mudar, e voltei a ser quem eu era.
Eu mentiria se falasse que acordava bem todos os dias, não acordava.. eu tinha momentos, crises de ansiedade mesmo em tratamento, porém elas foram se tornando cada vez menos frequentes, e eu voltei a ter paz pra viver e realizar minhas atividades de rotina com excelência.
A segunda parte foi tentar explicar para as pessoas que tinha o transtorno de ansiedade. Essa talvez tenha sido a pior parte. Toda vez que o assunto era introduzido e eu tentava explicar o que tinha, as pessoas sempre falavam:
Toda vez que o assunto era introduzido e eu tentava explicar o que tinha, as pessoas sempre falavam:
‘‘ tá ansiosa pq? vai viajar? prova? ”
” ai tb sou mt ansioso, to doido pra chegar tal dia”
Tentar fazer as pessoas entenderem que você sofre de ansiedade com sintomas físicos e sem necessariamente ter alguma causa ou evento é muito difícil, e muitas vezes quando você consegue explicar, falam: ”que frescura”.
Hoje, eu ainda faço tratamento com psiquiatra, remédios, exercícios de respiração, meditação e atividade física. Acordar bem e enfrentar o dia, é uma bênção pra mim. A noite, eu deito e agradeço por ter vencido mais um dia!
Comentários maldosos, sempre vão existir.. eu escutei e escuto até hoje coisas do tipo:
” queria ver se tivesse problemas de verdade”
” pobre não pode ter essas coisas”
” isso é falta do que fazer”
Entre outras, coisas. Essas frases machucam demais por dentro, e muitas vezes eu acreditei nelas e me sentia culpada por sofrer com esse problema.
Então hoje, eu venci a vergonha e uso o pouco da voz que tenho nas redes sociais para poder falar dessa doença, para que um dia possam entender que é real, que os sintomas físicos existem, que a gente não escolhe passar por isso e que o apoio, a compreensão e empatia são fundamentais para o tratamento.