Já faz tempo que não lançam nenhum remédio para emagrecer que “prometa”, que cause burburinho e expectativa.
Na verdade, receitar remédios para emagrecer tem sido uma tarefa bem difícil, sobretudo porque as opções seguras são bem poucas. Contudo, há que se analisar que a obesidade mata, e antes de matar causa doenças sérias, que também matam, então, é preciso encontrar soluções para esses pacientes, pesando os benefícios e os efeitos colaterais para ver pra qual lado a balança pende mais.
Um dos remédios lançados recentemente e que promete provocar mudanças no tratamento da obesidade, bem como nas doenças relacionadas a ela, como a diabetes e a hipertensão, é o Qsymia, medicamento à base de fentarmina e topiramatoque ainda não chegou ao Brasil, mas foi aprovado esse ano pelo FDA, o órgão regulador de remédios dos Estados Unidos.
Para que o medicamento fosse aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA) foram feitos estudos, sendo que um deles envolveu 3700 pessoas obesas de ambos os sexos. Os pacientes foram divididos em dois grandes grupos, sendo que um grupo recebeu a dose mais alta do remédio e o outro grupo recebeu placebo.
Os pacientes foram acompanhados ao longo de 12 meses, e após esse período notou-se que os pacientes do grupo que recebeu o medicamento apresentou uma perda de peso entre 6,7 e 8,9% maior do que o grupo que consumiu placebo.
Mas como afinal essa substância age no organismo?
Como falei anteriormente, o Qsymia é formado pelo topiramato e pela fentarmina. A fentarmina é um anorexígeno, substância que causa a falta de apetite, levando a pessoa a consumir menos alimentos e menas calorias. Aqui no Brasil, a fentarmina teve o seu uso proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, por, supostamente, apresentar mais riscos à saúde que benefícios, vez que seus efeitos colaterais, como a insônia, taquicardia, boca seca e irritabilidade, seriam perigosos.
Já o topiramato age diretamente na compulsão alimentar, problema maior de quase todo obeso. Assim, esse ativo reduz a vontade de comer, sobretudo doces. Quando utilizado isoladamente, é indicado para tratar enxaquecas e convulsões, mas pode apresentar efeitos graves, como perda da memória, formigamento nas mãos, formigamento nos pés e dificuldade de raciocínio.
Vale lembrar que é um medicamento que pode causar má formações fetais, inclusive lábio leporino, e, portanto, não deve ser consumido por gestantes.
A associação desses dois medicamentos deu origem ao Qsymia, sendo que esta é uma droga indicada para pessoas com sobrepeso e obesas que tenham doenças crônicas decorrentes da obesidade.
A indicação do Qsymia é para pessoas com o IMC (índice de massa corporal) acima de 30 ou pessoas que tenham sobrepeso e doenças crônicas como o colesterol alto, a diabetes e a hipertensão por exemplo.
Em relação a outros medicamentos emagrecedores aprovados pelo FDA recentemente, como o Belviq, por exemplo, o Qsymia mostrou-se mais eficiente.
A eficácia do Belviq foi comprovada em três estudos que envolveram quase oito mil pessoas de ambos os sexos que apresentaram sobrepeso ou obesidade. No caso desse medicamento, a perda de peso do grupo que tomou remédio em relação ao grupo que tomou placebo foi de 3 a 3,7% maior, o que é um número relativamente significativo, mas menor, bem menor, que o número apresentado pelo Qsymia, que varia entre 6,7 e 8,9. Ou seja, a perda de peso com o Qsymia é, praticamente, o dobro que a perda de peso com o Bleviq.
Qual a forma de ação e quais os efeitos colaterais do Qsymia?
Assim como a grande maioria dos remédios para emagrecer, o Qsymia age no controle do apetite e não na doença em si. Como age no sistema nervoso central inibindo a fome, ajuda a emagrecer.
Assim como qualquer medicamento que age no sistema nervoso central, o Qsymia também provoca efeitos colaterais, que são os mesmos provocados pelos remédios que o compõe, a fentermina e o topiramato, quando ingeridos isoladamente. É preciso avaliar com os médicos se os riscos, em relação ao quadro geral de saúdo do paciente, compensam ou não.
Quais Resultados Esperar Desse Medicamento?
Como qualquer medicamento indicado para casos de sobrepeso e de obesidade, o intuito do remédio é, inicialmente, promover o emagrecimento. Associado a isso, existem benefícios extras, já que ele ajuda na redução de risco de doenças crônicas, como a diabetes, que é uma verdadeira epidemia.
A perda de peso varia de paciente para paciente, mas fica numa média de até 4 quilos ao mês quando associado a dieta, reeducação alimentar e atividade física.
Inicialmente indica-se uma dose menor do medicamento, a menor possível, aliás, e só depois, caso seja neecssário, ela é aumentada.
É muito importante salientar que esse medicamento não funciona para todas as pessoas que tenham obesidade, assim como qualquer outro medicamento do tipo, aliás.
O tratamento não tem prazo determinado e pode durar bastante tempo, até porque a obesidade é uma doença crônica, então o uso do medicamento pode se prolongar.
É essencial o acompanhamento médico por inúmeros motivos, mas principalmente prara que o paciente não suspenda o uso do remédio por conta própria, já que isso levaria ao aumento de peso. É que esse remédio age no apetite, suprimindo-o, e se a pessoa parar de tomá-lo de forma abrupta, a fome voltará, a pessoa vai voltar a comer mais e o peso voltará a subir. Ou seja, efeito sanfona na certa!
Assim como qualquer outro remédio que ajude na luta contra a obesidade, que mata milhares de pessoas em todo o mundo anualmente, ele é apenas um coadjuvante e precisa ser encarado dessa forma, pois sozinho ele não faz absolutamente nada.
A obesidade só é controlada com mudança nos hábitos de vida, que incluem mudanças dos hábitos alimentares, com uma reeducação alimentar, e mudança no padrão de atividade física, que precisa ser praticad com regularidade.
É muito importante que novos remédios sejam lançados e que novos estudos sejam feitos pra ajudar no controle da obesidade, já que, supõe-se que quase metade do mundo sofre com esse problema e suas consequências. Ou seja, é muita gente, são milhões de pessoas, e o problema só tende a crescer, infelizmente.
Beijos