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Obesidade X Invisibilidade

Algumas vezes recebo uns e-mails que demoro muito para responder (coisa de uma semana) porque fico tentando analisar a questão como um todo e ser o mais útil possível ao responder.

Quando escrevi o post Você Precisa Mesmo Emagrecer falei, dentre outras coisas, que acho válida a ideia de querer emagrecer se isso incomoda, limita ou machuca, mas que não via justificativa para emagrecer se essa necessidade estivesse atrelada a necessidade de aceitação, de corresponder às expectativas alheias.

Depois do post recebi um e-mail da Grazy, uma seguidora aqui do Patricinha Esperta, explicando que não era bem assim que a coisa funcionava, já que ela se aceita obesa, o marido dela, que também é obeso, a aceita, mas que é muito doloroso o “massacre” por parte dos “amigos”, da “família” e da sociedade em geral.

No fim do e-mail ela escreveu assim: “só tenho vontade de emagrecer para deixar de ser anormal para os outros, só quero passar desapercebida”.

Foto: Reprodução

Essa frase ficou dias me atormentando e eu tive que parar pra pensar MUITO no que responder, já que, esquentadinha que sou, a tendência é que eu falasse do quanto as pessoas são idiotas, pequenas e mesquinhas.

Eu até acho isso, em parte, mas, olhando o outro lado, é preciso analisar as motivações.

Se for, por parte da família e dos amigos, preocupação com a saúde e com a qualidade de vida, essa cobrança é justificável. Eu disse justificável, mas não aceitável, porque, afinal, cada um que cuide da sua vida, embora seja óbvio que a gente se preocupe com quem ama.

Quanto aos desconhecidos, existem várias possibilidades.

Primeiro que o que é diferente chama mesmo a atenção, não tem jeito.

Querem exemplos? Se chegar por aqui uma russa bem branquinha e de cabelos vermelhos todo mundo vai virar e olhar, porque o diferente desperta curiosidade. Se, em um lugar que só tem índios (os que nunca tiveram contato com a “civilização”), um de nós chegarmos, seremos alvo de curiosidade.

Essa curiosidade é normal, justificável e aceitável.

O que não me parece normal é soltar piadinhas, risadinhas ou coisas similares, como se ali não estivesse uma pessoa exatamente como cada um de nós. Uma pessoa que sente, de longe, pelos olhares maldosos e risadinhas de canto de boca, o desprezo e a humilhação gratuitas.

Isso sim, pra mim, é doentio e feio.

É preciso ter respeito pelas pessoas. É preciso, antes de apontar o dedo e cair na risada, se colocar no lugar dessas pessoas, imaginar que poderia ser você naquela situação, que poderia ser alguém que você ama. Ainda assim você daria risada?

Obesidade é doença, assim como câncer, HIV, Alzheimer… Você ri de um portador de Alzheimer? Você ri de um paciente de câncer?  Você ri de um deficiente? O RACIOCÍNIO É O MESMO!

Se a pessoa se aceita como é, quem somos nós pra julgarmos  isso? O que nos dá o direito de apontar o dedo? Cadê o diacho do bom senso?

Já que somos “seres humanos”, o mínimo que podemos ser é HUMANOS, porque humanidade, respeito e bom senso nunca são demais!

Beijos

Ju

[email protected]

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Written by Nat

Sou jornalista, blogueira, louca por cosméticos e chocolate. Escrevo sobre um pouco de tudo que for relacionado ao universo feminino.

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