A velhice e a idade madura podem ser vivenciadas de formas bem distintas, e é a forma como ela é vivenciada que determina, em grande parte, como será esse processo. Assim, se a mulher se mantém ativa durante a idade madura e a velhice, tendo uma vida independente, tendo amigos, saindo, viajando, tecendo relações nos mais diversos níveis, sua qualidade de vida será muito melhor do que da mulher que se isola dos amigos, que não constrói relações, que não viaja, que não trabalha e que não é independe pendente.
Todos, independente da idade, querem exercer controle sobre a própria vida, fazer suas próprias escolhas e na velhice isso não poderia ser diferente. O que vai acontecer aqui, e cada vez mais no passar dos anos, é que será preciso uma maior adaptação às circunstâncias que permeiam essa capacidade de controle.
Como as mulheres vivem cada vez mais, é preciso, sem sombra de dúvidas, que a sociedade desenvolva e ofereça alternativas de assistência pra essa parcela da população, dispondo de políticas adequadas para garantir o mínimo necessário, pelo menos, para uma qualidade de vida adequada, satisfatória. A questão aqui não é somente adiar o envelhecimento, é desenvolver meios de proporcionar qualidade de vida pra uma parcela da população que só cresce e tende a crescer cada vez mais.
Não se pode esquecer, também, que o aumento da longevidade pode ocasionar problemas de saúde pública e que é necessário promover um debate sobre isso o quanto antes, já que essas pessoas vão buscar soluções para seus problemas e doenças, e a saúde pública precisa estar aparelhada pra lidar com isso. Dessa forma, é necessário um maior conhecimento das alterações que acontecem no organismo, e aqui falamos do feminino, durante o processo de transição da fase adulta para a velhice para, assim, definir estratégias que possam vir a intervir na melhoria da qualidade de vida das mulheres.
O Que é, Afinal, o Envelhecimento?
O envelhecimento é definido como um processo natural que ocorre com todos os seres humanos em um dado momento da vida. Na verdade, envelhecemos desde que chegamos ao mundo, não é mesmo? Nesse processo ocorrem alterações no organismo, mudanças nas relações interpessoais, na capacidade de se adaptar ao seu meio, na maneira de ser, de agir e de vivenciar a vida.
Quando, contudo, essa pergunta é feita diretamente às mulheres que já passaram dos 50 anos percebe-se que a grande maioria fala sobre o assunto como se fosse um “problema”, um problema inevitável, um problema que causa medos e inseguranças. Apesar do “conceito pronto”, nota-se que cada pessoa define o envelhecimento de uma forma, e que essa definição depende da forma com que cada um viveu e do meio social em que está inserido.
Aqui vale destacar o “sentido do envelhecer”. O envelhecimento sendo encarado de forma natural leva a um sentido de envelhecer que depende da interação da pessoa com o ambiente com o rodeia, bem como das experiências que estão sendo vividas.
O Significado da Menopausa
A definição “oficial” da menopausa pela Organização Mundial de Saúde é que esse é uma espécie de evento biológico que se refere ao último período do ciclo de desenvolvimento feminino, a época na qual cessa a capacidade reprodutiva da mulher.
Esse é um evento entendido pelas mulheres como uma fase natural do ciclo da vida, algo inerente à mulher, mas cada cultura o vivencia de uma forma. Essa fase, independente da cultura, é uma fase que gera muitas e profundas mudanças nos mais diversos níveis. Os sintomas físicos são intensos e incluem as famosas ondas de calor que parecem irradiar da parte superior do tórax, sudorese profunda, agitação, fadiga e insônia, dentre outras.
Os Medos Nesse Processo
A menopausa pode ser, pra muitos, só um conceito, mas é preciso investigar o que está por trás desse conceito, o que esse marco, que muitos encaram como “ladeira abaixo” representa, quais medos estão relacionados e coisas do tipo.
Em cidades do interior e para pessoas com um poder aquisitivo menor, que tiveram menos acesso a cultura e a educação, o “fim das regras” é tido, de certa forma e para muitos, como o fim da feminilidade. Como cessa ali a “capacidade reprodutiva”, como a mulher não pode mais ter filhos, em muitos casos isso é visto como a perda da característica de mulher, e é válido falar sobre isso porque por mais absurdo que nos pareça, a grande maioria da nossa população não tem acesso a informação, e equívocos como esse são difundidos livremente.
Como não pode mais ter filhos, e mulher começa a ter ainda mais medo de que o seu marido ou companheiro a deixe. E não é só isso, porque as mudanças que acontecem no seu corpo aumentam esse temos, o temor de ser trocada, de ser “deixada”.
E os medos não param por aí… Há, quase sempre, um aumento na gordura corporal, enfraquecimento dos cabelos e das unhas e ressecamento da pele, que ocorrem por que os ovários param de produzir estrogênio e progesterona, fato natural no fim da fase reprodutiva. Os hormônios são sim determinantes nesse processo, mas existem outros fatores que influenciam muito, como os psicossociais, por exemplo.
Associado a isso existem os sintomas psicológicos, como a queda na autoestima, a irritabilidade, a instabilidade emocional, tristeza, desânimo, flutuações de humor, alterações de memória e insônia, dentre muitos outros, e tudo isso de uma só vez, o que aumenta a vulnerabilidade da mulher.
Ou seja, é uma fase não só de muitas e profundas mudanças, mas também de medos de todos os tipos, o que torna essa fase ainda mais difícil e complicada.
Todo esse processo pode ser ainda mais difícil a depender do “estado de vida da mulher”. Se ela vive uma relação estável, se acredita que esse é um processo natural, passa por tudo isso com muito mais facilidade.