Trouxemos mais um texto de Maria Lúcia Silva, pós graduada em Gerontologia, sobre a vivência da beleza na maturidade. Confiram!
O envelhecimento populacional é um trunfo e um desafio , um dos maiores desse século. É fato que envelhecimento global gerou um aumento das demandas sociais e econômicas em todo o mundo. Contudo, nota-se que as pessoas da terceira idade são, via de regra, ignoradas como fonte de recursos quando, na verdade, elas são sim um fonte importante pata a estrutura social.
No caso da mulher, sabe-se que, universalmente, o processo que desencadeia o seu envelhecimento é vivenciado através de manifestações multifatoriais que são determinadas pelo declínio de algumas funções fisiológicas, bioquímicas e funcionais dos órgãos, demonstrando ter características próprias em diferentes pessoas. É sabido que a mulher, em essência, passa por muitas mudanças em variados níveis na vivência do envelhecer, e essa mudanças envolvem aspectos, desde aspectos biológicos até processos sociais, psicológicos e econômicos.
Aqui também ocorre uma mudança que nos faz refletir sobre as questões da natureza humana, e também da beleza feminina. Com a juventude indo embora, com o envelhecimento chegando em vários níveis, precisamos encarar as etapas com serenidade pra evitar a buscar irreal e desenfreada pela juventude eterna. A velhice, aliás, é uma coisa tão “incômoda” que nunca paramos pra pensar nela, em como seremos quando a beleza da juventude, e isso tem a ver com a beleza física, não existir mais.
Viver significa também envelhecer e é preciso que a mulher, ao passar pelo processo de envelhecimento, perceba com clareza as manifestações desse processo e encare o declínio físico com o máximo de serenidade, porque, afinal, não há meios de lutar contra, já que ele é inevitável. Isso é, na verdade, um problema social, pois nossa sociedade clama pela beleza física a qualquer custo, e o que parece é que com a perda da juventude a mulher deixa de ser mulher, o que é um absurdo.
Sim, as perdas com o envelhecimento são muitas, e as mudanças também… Perde-se a firmeza da pele, a juventude, a beleza se transforma, a fertilizada finda, vem o medo do abandono emocional e afetivo, medo da doença, da solidão, da falta de amor, do declínio, mas ganha-se experiência, sabedoria, e deve-se usar isso para descobrir novas possibilidades de vida. Veras já afirmou, nesse sentido, que “a expressão dessas suscetibilidades físicas e emocional encontra-se na dependência da complexa interação de fatores físicos, psicológicos, sociais, econômicos e culturais, tornando o envelhecer, por um lado, um processo extremamente individualizado e, por outro, marcado pelos padrões socioculturais de uma época”.
Dessa forma, é fato que a forma como a mulher enxerga e vivencia a velhice interfere de forma direta na sua autoestima, no seu autoamor, na sua capacidade de enxergar novas possibilidades para a própria vida, para a própria história.
Como não poderia deixar de ser, a genética e a biologia influem sobremaneira no processo de envelhecimento, que representa um conjunto de processos e pode ser definido como a “deteriorização funcional progressiva e generalizada”.
Conclui-se, pois, que o envelhecimento é um processo passível de ser construído, é dizer, cada um constrói a própria velhice, de modo que é essencial se preparar desde cedo para esse período.