Acho que, como a grande maioria das pessoas, eu cresci acreditando que a raiva era uma coisa feia, que tinha que ser reprimida, escondida e jamais demonstrada. E, como fui condicionada a isso, acabei cometendo um erro comum a muitas pessoas: transformar a raiva em tristeza, que, como dizia o Osho, é a “raiva passiva” (para ele “a tristeza é raiva passiva e a raiva é tristeza ativa”).
Ele dizia isso porque, na sua visão, todas as nossas emoções possuem polaridades básicas, a polaridade masculina e a polaridade feminina. Então, a raiva seria o “masculino’ e a tristeza o “feminino”, mas as duas emoções seriam as duas faces da mesma moeda.
Deixando o Osho um pouquinho de lado, o fato é que a tristeza é mesmo o “antídoto” da raiva, porque dificilmente uma pessoa triste tem ataques de fúria. Só que essa raiva, transformada em tristeza, não desaparece, não tem como. O máximo que acontece é esconder, reprimir esse sentimento, mascará-lo, mas ele continua lá.
E isso é um problema, porque a raiva em si não é boa nem ruim, mas ela precisa, sim, ser colocada para fora, porque só dessa forma a gente “se livra” dela. Isso parece absurdo, mas eu sou prova viva de que funciona! Lembro que um dia, na meditação, estava triste por algum motivo, e a “professora”, muito séria me disse: pare com isso já! Coloque isso para fora já e transforme essa tristeza em irritação, em raiva, em qualquer coisa que você possa colocar para fora! Ou você faz isso, ou você vai sufocar! Na hora fiquei chocada de como uma pessoa tão suave e tranquila tivesse um posicionamento desses, mas, pouco a pouco, pude ver que, no momento certo, colocar para fora o que estamos sentindo é libertador!
Observe que eu não estou dizendo que você precisa sentir raiva. O que eu estou dizendo é que, caso sinta, tem que colocar para fora! Como? Ah, use a criatividade, né? Grite com a parede (#alouka), dê socos no travesseiro (boxe é ótimoooo para colocar a raiva para fora!), pule, esperneie, mas coloque para fora urgentemente, senão isso acaba te “envenenando” emocionalmente.
E para quem acha que isso pode estimular a violência, estudos já comprovaram que as pessoas que conseguem lidar com a raiva, colocando-a para fora ao invés de reprimi-la são menos propensas a agir com violência ou ter surtos de agressividade. Acredita-se que, ao colocar para fora, esbravejar, gritar, pular, espernear, a energia se dissipa e a pessoa supera a situação mais rapidamente. Quem, ao contrário, guarda a raiva dentro de si, tem mais chances de ter de fazer uso de álcool e ser agressivo.
Ademais, acredito muito no ditado que diz que, se algo incomoda, a gente não tem que questionar, tem que mandar para longe, senão fica preso à pessoa/situação. O fato é que quando estamos com raiva, ficamos “ligados” à pessoa ou situação que a causou, o que é uma burrice, porque ficamos presos ao que nos causa mal, e isso não é bom, né?
Beijos
Ju Lopes