É cada vez maior o número de mulheres envolvidas em relações doentias, relações em que o “parceiro”, altamente manipulador, a afasta de tudo e todos que possam ser contra ele e faz com que ela acredite que está só, que não tem família, que não é querida, que não é amada, que é, enfim, um “trapo humano”. Quando possuem o completo controle de suas “vítimas”, esses, que se dizem homens, as explora, humilha, maltrata e agride de todas as formas, tanto física como emocionalmente.
E essas mulheres, que hoje são independentes, tudo suportam e tudo aceitam em nome do suposto amor. Elas brigam com o mundo, criam ilusões, culpam a todos os outros, mas defendem o seu algoz com unhas e dentes, mesmo após dias, semanas, meses e anos de humilhações diárias, de maus tratos e até de violência física. Sim, muitas apanham, mas, como acham que amam, criam as mais diversas justificativas para os atos do agressor. E muitas usam a violência física como forma de manipular o agressor, bem no estilo “se você não continuar comigo, eu te denuncio”.
Como entender isso? Como entender como uma mulher se submete a esse tipo de situação? Onde foi parar o “autoamor” dessa pessoa? O auto-respeito? O bom senso? Não, ela não tem nada, ela não sabe o que é amor, porque ela não ama a si mesma, ela só consegue enxergar e, obsessivamente, adorar o ser que a maltrata, que a reduz a nada.
Ela finge acreditar que ele vai melhorar, que ele é uma pessoa boa, que são os amigos e as amantes que o tornaram assim, que algo, um dia, vai acontecer e como num passe de mágica vai transformá-lo em um príncipe encantado, cheio de amor e cuidado.
E, o pior, toda ajuda é vista como tentativa de separá-la do “ser adorado” e, a partir daí, quem estende a mão passa a ser visto como inimigo, como agente de risco à suposta relação perfeita que só ela, em sua mente doentia, acredita viver.
E, por isso, pouco a pouco ela perde realmente tudo, tudo aquilo que ele a fez acreditar que não tinha. Ela perde a família, ela perde os amigos e ela perde, até, os filhos, que passam a ser vistos como inimigos, monstros ciumentos que só querem separá-la do seu amor, do homem que ela acredita que ama e que, apesar de todas as evidências contrárias, a ama.
Quem vive esse tipo de situação precisa, sim, de ajuda, mas não enxerga, não quer e enquanto não quiser, nada pode ser feito e todas as pessoas que se aproximam tendem a se machucar mais e mais, pois essas mulheres perdem completamente a noção da realidade.
Essas mulheres são vítimas, sim, mas fazem também muitas vítimas, porque, em sua maioria, são também altamente manipuladoras e usam de todos os artifícios para manter a relação, inclusive mentir, criar situações, expor as pessoas próximas, humilhá-las e machucar quem for preciso, sobretudo as pessoas que o agressor não aprova, para provar o seu amor.
Para essas, eu sugiro que procurem ajuda o quanto antes, porque mulheres que amam demais são mulheres que amam a si mesmas e a quem as ama de menos.