Como quase toda mulher eu sou extremamente consumista…Me emociono com maquiagem, surto por sapatos, me apaixono por bolsas, tenho brotoejas de vontade a cada vez que vejo um óculos diferente, tenho loucura por lingerie, me arrepio só de ver biju, sou vidrada em perfumes, cheiros, caixinhas coloridas e nunca resisto a coisinhas para a pele…
Por um tempo eu queria todas essas coisas e achava mesmo que tinha que ter tudo o que eu queria…Afinal, como viver sem um par de sapatos de píton vermelho? Como viver sem o Skin Caviar Eye Lift Cream, que tem extrato de caviar e promete uma pele perfeita ( e que nunca vou comprar porque dinheiro não aceita desaforo!)? Existe vida sem aquele cheiro que é só meu e que custa mais que meu rim? E A-Q-U-E-L-A bolsa ? E as maquiagens? Aquelas que têm o poder de me transformar na versão mais bela de mim mesma, como viver sem???
Eu sei que os batons da Dior me fazem sorrir com mais facilidade, que os sapatos de píton tornam a caminhada mais fácil, que os pigmentos da MAC deixam meus olhos muito mais bonitos, que aqueles óculos da Versace vão me transformar instantaneamente em outra pessoa… Eu sei que com sacolas e mais sacolas nas mãos o mundo fica cor de rosa e é impossível não estar feliz…Eu sei…
Mas sei também que tudo isso é momentâneo, que dois meses depois tudo isso estará jogado em um canto sem significado nenhum, porque a nova coleção já chegou e nada disso se “encaixa” mais…
Dois meses depois aquele batom que eu queria tanto e que me fazia sorrir só de lembrar , hoje, quando muito, me arranca um sorrisinho mal acabado…Aquele sapato vira um encosto porque, afinal, quem usa cobra no pé? Os pigmentos que antes me transformavam em diva agora me transformam numa versão mal acabada de uma drag de quinta…
Por mais absurdo que pareça, a verdade é essa.
Existe ao nosso redor um universo de possibilidades que acena constantemente, que se insinua nas nossas vidas, que entra em nossas casas, que nos seduz por todos os lados, despertando e criando vontades e quereres onde antes havia pouco ou nenhum.
A gente passa a ter como essencial o que sequer sabia que existia, o que nunca teve a menor importância e o que, até aquele momento, nunca fez diferença em nossas vidas.
É aí que mora o perigo, pois nesse tipo de escolha, que de escolha não tem nada já que somos mesmo direcionadas a querer, desejamos algo somente porque aconteceu desse algo estar debaixo do nosso nariz e, apesar de não ser exatamente o que queremos, é interessante. É tão interessante que quanto mais desejamos mais irresistível e indispensável nosso objeto do desejo passa a ser.
E é nessa hora que devemos parar, respirar e questionar, sem olhar para nada externo, do que realmente precisamos. É indispensável que questionemos qual a real necessidade e utilidade daquilo que achamos que queremos, pois só assim as nossas escolhas serão acertadas.
P.S: Coisa linda de se ver é quando a parte racional, nada consumista e super equilibrada da gente escreve uma coisa dessas…Mas eu quero mesmo é ver se eu vou me lembrar de uma palavra dessas na minha próxima visita ao templo da perdição à Carmen Steffens! hehehehe
Beijos
JU