Mulherada, sejam sinceras: quem aqui lembra que tem um fígado? A não ser que já se tenha tido algum tipo de problema hepático, as pessoas não costumam se preocupar com ele – o maior e mais importante órgão interno do nosso corpo. O fígado desintoxica o organismo, barra a ação de fungos e bactérias que causam infecções e, ainda, produz a bile que dissolve gorduras. Trabalha… E trabalha muito!
E olha só: quando cultivamos sentimentos como a raiva, a irritação, a amargura e o ódio, o cérebro libera uma toxina que (como as outras toxinas) é processada no fígado. É responsável por aproximadamente cinco mil funções vitais, produzindo a grande maioria das substâncias essenciais para manter funcionando o resto do organismo. Mesmo com um poder de regeneração, as fibroses, pequenas lesões que vão se acumulando, não são possíveis de se regenerar assim tão fácil.
Elas vão enrijecendo o fígado, até chegar no seu grau mais alto, a cirrose. Isso vai deixando o fígado debilitado e, aos poucos, ele vai perdendo as suas funções. É aí, quando o fígado já está bem comprometido, que ele começa a pedir socorro e a gente passa a sentir alguns sintomas. O problema é que, muitas vezes, pode ser tarde demais. É isso que acontece nas hepatites crônicas: as pessoas estão infectadas com os vírus B e C há anos e não sentem nada. O vírus está lá, comprometendo o fígado, e a gente não tem sintoma algum.
No Brasil, a novidade que acaba de chegar é o Fibroscan, e a médica Monica Viana, diretora do Instituto Monica Viana, foi a primeira a fazer treinamento no exterior nesta nova tecnologia, que é rápida e indolor. O novo exame pode substituir a biópsia no fígado, e permite diagnosticar a fibrose no fígado com precisão semelhante a da biópsia. O exame é útil no acompanhamento de evolução de todas as doenças do fígado em especial as Hepatites B e C, além das cirroses por álcool, gordura no fígado e assim vai.
O exame capta as imagens do fígado por ultrassom, e também transmite uma onda de baixa frequência. A vibração se propaga e mede a elasticidade do tecido hepático. Quanto mais endurecido, mais veloz é a propagação da onda. O resultado sai em cinco minutos. Avaliar o grau de fibrose é crucial no tratamento de doenças do fígado. É isso que vai determinar o uso de um ou outro medicamento. É um avanço enorme. É possível que o exame substitua a biópsia hepática, não somente no diagnóstico, mas no acompanhamento das hepatites crônicas em futuro próximo. Ela é feita com a inserção de uma agulha para a retirada de um pedaço de tecido, o que aumenta o risco de sangramentos. Além disso, o fragmento colhido em biópsia pode não ser adequado para análise – que depende da interpretação do patologista.
Exames convencionais de imagem, como tomografia e ressonância magnética, são mais utilizados só nas fases avançadas da doença. A grande indicação é para pacientes com hepatite C que já estão diagnosticados. Pode ser útil para acompanhar o tratamento. As estimativas oficiais apontam três milhões de brasileiros infectados pela hepatite C – mas os médicos afirmam que essa população é subestimada. Quase a metade dos transplantes de fígado está relacionada à doença. O aparelho também poderá ser útil nos casos de cirrose por excesso de álcool ou nos pacientes que passaram por transplante hepático. Então, já pensou em procurar seu médico?