Em casos de crianças em idade escolar, é fácil perceber que determinados comportamentos, comum à infância, são exagerados. Pode-se notar, ainda, comportamentos não tão compatíveis e adequados à idade.
Até determinado ponto, a hiperatividade e a desatenção, que são os sintomas mais facilmente percebidos, são normais, mas quando fogem dos padrões é preciso que a criança seja avaliada por um profissional capacitado para identificar, ou não, a presença do déficit de atenção e minimizar o sofrimento dessas crianças e de suas famílias.
Quanto mais cedo o problema for encarado de frente e o diagnóstico for feito, menores serão os danos e menor será o impacto negativo na vida educacional, social e familiar da criança, então pais e educadores precisam ficar atentos, já que, quando não é tratado, esse tipo de transtorno pode ocasionar em muitos males que se prolongam por toda a vida.
Não se pode negar, também, que há um outro lado. O lado de pais e educadores que a qualquer sinal de maior agitação, maior “danação”, encaminha a criança para, como se diz por aqui, “tomar Ritalina e quietar o facho”. Sim, existem pais que fazem isso. Pior, existem pais quem fazem isso orientados por “supostos” educadores, e isso eu escutei da minha neurologista.
Mas, como é feito esse diagnóstico?
Bom, o diagnóstido do déficit de atenção é fundamentalmente clínico, sendo baseado em critérios operacionais previamente definidos, que tem origem em sistemas classificatórios como o DSM-IV e o CID-10. Esses sistemas classificatórios pressupõem a presença de ao menos seis sintomas de desatenção e/ou seis sintomas de hipertatividade/impulsividade avaliados preferencialmente por um neurologista ou psiquiatra. Existem avaliações e exames neurológicos complementares, mas o determinante mesmo é a anamnese.
Em relação à desatenção, os sintomas são os seguintes:
- Dificuldade de prestar atenção a detalhes ou cometer erros por descuido em atividades escolares ou de trabalho;
- Dificuldade para manter a atenção em tarefas ou atividades mais lúdicas;
- Não seguir instruções e regras;
- Não terminar qualquer tipo de tarefas, sejam elas escolares, domésticas ou profissionais;
- Desorganização;
- Dar a impressão de que não escuta quando lhe dirigem a palavra;
- Evitar tarefas que sejam repetitivas, maçantes ou envolvam esforço mental constante;
- Se distrair com estímulos alheios à tarefa que está realizando;
- Perder coisas que são necessárias para a realização de suas tarefas.
Em relação à hiperatividade, os sintomas são os seguintes:
- Falar demasiadamente;
- Estar o tempo todo a “todo vapor”;
- Não conseguir permanecer sentado quando é isso que se espera;
- Se remexer na cadeira ou agitar pés e mãos o tempo todo;
- Correr exageradamente em situações e momentos inapropriados;
- Dificuldades em permanecer em silêncio em atividades de lazer ou mesmo de brincar.
Em relação à impulsividade, os sintomas são os seguintes:
- Responder antes da pergunta ser concluída;
- Ter dificuldades em esperar sua vez, seja para o que for;
- Interromper ou interferir nos assuntos alheios;
Observados vários desses sintomas ao mesmo tempo, aí sim se pode pensar em déficit de atenção, que deve ser tratado o quanto antes para evitar ainda mais prejuízos para a vida das crianças.
Beijos
Ju Lopes