Não ter o peso ideal, nos dias de hoje, é praticamente um crime, e já falei por aqui do absurdo que isso é e dos problemas que isso causa. Vamos conferir?
Acho que ter um corpo legal e saudável é das melhores coisas da vida, porque simboliza equilíbrio, o que é fundamental para que se viva bem, e isso em todos os sentidos.
Contudo, não se pode, em novo do equilíbrio, pisar no acelerador e sair correndo, sem limites, em direção ao chamado peso ideal. Primeiro que peso ideal é algo muito relativo e depende demais da estrutura corporal de cada indivíduo, segundo que isso já virou obsessão, e vem atingindo sobretudo as meninas mais novinhas, que ainda não tem o corpo e o emocional formados completamente, o que é um perigo.
Sim, mais do que nunca se fala em plus size e todas as suas vertentes, mas o fato é que o excesso de peso é tabu e, não raras vezes, considerado como uma derrota pessoal. Aliás, li essa semana uma matéria que dizia que uma marca declarou abertamente que não fabrica números maiores porque não quer que pessoas gordas usem suas roupas, que são feitas para pessoas “populares”. A coisa é ridícula, mas ao menos a marca teve a “coragem”, se é que se pode falar isso, de declarar abertamente o que tantas fazem de forma velada.
Exceto as mulheres excessivamente magras, que lutam para ganhar peso, todas as outras que conheço querem sempre emagrecer, inclusive eu. Nada mais comum, afinal, tudo de ruim que acontece em nossas vidas é culpa dos tais quilinhos a mais. A promoção que não veio, o romance que acabou, a autoestima no pé, tudo, tudo é culpa da silhueta rechonchuda. E de quem mais seria?
Assim, imaginamos que a vida seria perfeita e a felicidade completa se fossemos mais magras e, consequentemente, mais amadas, mais admiradas, mais desejadas e até mais competentes. É, as amigas (e inimigas) nos invejariam (e tem melhor? É o que muitas pensam…), o namorado/marido/amante/amigo colorido/afins se apaixonaria, o chefe nos respeitaria mais, todas as roupas caberiam, seríamos lindas e desejadas, tudo o que, supostamente, toda mulher quer, e isso, é claro, faria de cada uma de nós a mulher mais feliz do mundo.
Será mesmo? Será que alguns (ou muitos) quilos a mais têm todo esse poder? Não, eu não estou dizendo que você deve ser a mais gorda das criaturas, eu só estou dizendo que antes de descontar todas as tuas frustrações no suposto excesso de peso, de culpá-lo por tudo e depositar todas as suas expectativas na tal da magreza, é preciso ponderar.
É preciso ter respeito pelas pessoas. É preciso, antes de apontar o dedo e cair na risada, se colocar no lugar dessas pessoas, imaginar que poderia ser você naquela situação, que poderia ser alguém que você ama. Ainda assim você daria risada?
Obesidade é doença, assim como câncer, HIV, Alzheimer… Você ri de um portador de Alzheimer? Você ri de um paciente de câncer? Você ri de um deficiente? O RACIOCÍNIO É O MESMO!
Se a pessoa se aceita como é, quem somos nós pra julgarmos isso? O que nos dá o direito de apontar o dedo? Cadê o diacho do bom senso?
Já que somos “seres humanos”, o mínimo que podemos ser é HUMANOS, porque humanidade, respeito e bom senso nunca são demais!
Beijos
Ju Lopes