Não lembro exatamente onde, mas tempos atrás li uma matéria que falava que crianças abandonadas que não recebiam, nos primeiros três meses de vida, qualquer tipo de toque, seja por parte de enfermeiras, voluntários ou assistente sociais, possuíam mais risco de morte, e quando isso não acontecia, elas apresentavam problemas no desenvolvimento físico, mental e/ou emocional.
Fiquei muito curiosa (normal!) e fui procurar mais informações sobre o assunto, porque sempre acreditei no “poder” do “bem-querer” expressado através das mãos.
Encontrei muitos estudos, alguns livros e centenas de matérias sobre o assunto, e uma que saiu na revista Saúde é bem interessante, porque trata da importância do contato físico, seja em forma de afagos, abraços, carinhos ou simples toques, ao longo de toda a vida.
A matéria mostra os resultados de um estudo que demonstrou efetivamente o “elo” ente a mente e o corpo, coisa que todos nós, intuitivamente, sabíamos.
Esse estudo foi feito na Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, pela equipe do neurocientista e psicólogo James A. Coan, e trata, em resumo, do poder sedativo do toque das mãos de quem se ama,
bem como das possíveis transformações ocasionadas por esse toque em áreas cerebrais relacionadas às emoções.
Na pesquisa foram analisados 16 casais aparentemente felizes, e os neurocientistas colocou as mulheres em tubos de ressonância magnética para observar as reações cerebrais no momento em que cada uma delas recebeu a notícia de que tomariam um pequeno “choque” no tornozelo.
Como era de se esperar, a notícia de que levariam um pequeno choque causou apreensão, o que resultou no aumento da atividade cerebral em regiões relacionadas à dor e ao medo. Contudo, bastou que os maridos pegassem nas mãos de suas esposas para que essas regiões apresentassem uma normalização, o que simbolizava que o medo teria sido, no mínimo, reduzido.
O autor da pesquisa conseguiu constatar que o cérebro “responde” ao toque humano, que esse toque gera reações neurológicas, mesmo que ele venha de um estranho. Claro que, quando vindo de alguém que a gente ame, os resultados são ainda melhores, e incluem a redução dos hormônios relacionados ao estresse, a melhora do sistema imunológico e até o efeito analgésico, com a consequente redução da dor.
Essa tese, do poder do toque, do contato físico, é bem antiga, o que é novo é a constatação, através de exames que “mapeiam” o cérebro, de que o toque humano é capaz de melhorar a saúde física, mental e emocional.
Os toques favorecem o relaxamento, proporcionam mais confiança e são extremamente importantes, sobretudo do nascimento até os seis meses, gerando um impacto profundo na vida futura, já que é o tato o primeiro dos sentidos a ser desenvolvido. Quando a criança é privada do toque, ela provavelmente será, no futuro, menos tolerante às frustrações e tende a apresentar menor resistência à doenças oportunistas.
O toque, o carinho, o abraço e os afagos, por outro lado, repercutem de forma muito positiva por toda a vida do indivíduo, e devem ser incentivados sempre!
Beijos