Aproveitando que é carnaval, vou contar uma “historinha” para vocês, para servir de alerta.
Eu, a sem juízo que vos fala, sempre tive problemas no ouvido (otite) e era comum, durante a infância, principalmente, sentir muitas dores. Quem já sentiu dor de ouvido bem sabe como a coisa dói, né?
Pois bem, depois que cresci (ops, cresci é piada né? O certo é “depois que fiquei mais velha”) parei de sentir dores e nunca mais tive problemas com barulhos, que sempre foi uma coisa que me incomodou bastante.
Acontece que, com 16 anos, fui para uma micareta (carnaval fora de época) na cidade da minha melhor amiga (acho tão bonitinho), Bom Jesus da Lapa, e durante quatro dias fiquei exposta à chuva e muito barulho, porque né, correr atrás do trio é super a minha cara. Nesse período a minha “dor de ouvido” ressurgiu das cinzas, mas fui tomando remédio e tratando de esquecer a bendita. Tudo estava mais ou menos lindo até que, no último dia, quando cheguei na casa dela, notei que do meu ouvido saia uma secreção misturada com sangue e estava “chiando”, mas estava tãoooo cansada que não dei importância.
No meio da manhã, quando acordei, a fronha estava toda suja dessa tal mistura e eu simplesmente não escutava NADA, mas era NADA mesmo. Além disso, a dor que eu sentia era uma coisa tipo “absurda”, sabe?
Para completar o quadro não tinha nenhum otorrinolaringologista na cidade e também não tinha avião. Ou seja, estava para morrer de dor e ilhada, porque a Lapa é longe (18 horas de ônibus para Jequié…). Daí minha mãe foi me buscar e corri para um médico ainda sem saber o que tinha acontecido com meu ouvido.
O diagnóstico foi simples: perfuração no tímpano! O tímpano, para quem não sabe, é uma espécie de membrana bem fininha e delicada que separa o canal auditivo externo do ouvido médio, sendo considerada a parte mais importante do sistema auditivo.
Esse tipo de coisa pode acontecer por vários motivos, como golpes no ouvido, otites, lesões causadas por alterações na pressão atmosférica (que pode acontecer em mergulhos ou viagens de avião, por exemplo), inserção profunda de algum objeto no ouvido (como um cotonete), um barulho muito alto, um traumatismo craniano, dentre outras coisas, mas no meu caso foi por exposição intensa e prolongada ao barulho, aliado ao fato de que eu sempre tive otite.
Passei muito tempo cuidando desse ouvido, sem escutar direito, e nunca vou esquecer o tanto de dor que senti, e tudo isso por descuido.
Então, muito cuidado com a exposição ao barulho que acontece nos dias de Carnaval. Tentem manter uma distância segura dos trios elétricos ou caixas de som e , caso seja possível, use um protetor de ouvido. Para quem tem problemas de infecções no ouvido médio (otite média), o cuidado deve ser redobrado porque, mesmo que não ocorra a ruptura do tímpano, – e isso vale para todo mundo – pode ocorrer perda parcial da audição ou ainda um zumbido irreversível no ouvido.
Beijos
Ju Lopes