Ainda hoje, em pleno 2013, são muitas as afirmações nebulosas acerca do Déficit de Atenção, que muitas vezes é encarado como um bicho de sete cabeças, o que é um absurdo.
Os pais, quando recebem o diagnóstico, de modo geral, ficam meio “sem chão” por acharem que os filhos serão verdadeiras pestinhas que não aprendem nada e, como já ouvi certa vez, “não dão para nada”. Isso é mito, isso é desinformação e isso é preconceito.
Todas as pessoas possuem características únicas, e não só os portadores de déficit de atenção é desatento, impulsivo ou hiperativo. Sim, essas são as principais características desse “problema”, e pode sim, afetar severamente a vida da pessoa que o possui, tanto em relação ao aprendizado, quanto ao convívio social, familiar, profissional e emocional, só que isso só vai acontecer se não houver acompanhamento. Então cabe aos pais, em casa, observar o comportamento dos seus filhos, e os educadores, nas escolas, observar o comportamento dos seus alunos, e tomar as medidas cabíveis.
Conheço casos, e não são poucos, de pais que notam essas características em seus filhos e não procuram ajuda médica por puro preconceito, porque neurologista ou psiquiatra é coisa de “gente maluca”. Tenho, de verdade, vontade de dar umas duas sacodidas das boas, porque quem sofre é a criança, quem paga é a criança, que, infelizmente, não tem o que fazer.
Em muitos casos, para piorar o quadro, há associação de outros transtornos, como transtornos de ansiedade e transtornos de humor, por exemplo.
Vale ressaltar que existem tipos diferentes de pessoas com déficit de atenção. Há aquelas que são predominantemente hiperativas ou desatentas, há os predominantemente hiperativos/impulsivos e há os casos combinados, com sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Quando em crianças, a hiperatividade pode ser facilmente observada a partir de manifestações comportamentais como inquietação, dificuldade em não permanecer sentadas ou paradas quando necessário, correr ou se movimentar excessivamente, possuir dificuldade para permanecer em silêncio, parecer estar “ligada” o tempo todo e falar sem parar. O que, aliás, é comum na grande maioria das crianças.
Já em adolescentes e adultos essa hiperatividade tende a se manifestar como uma dificuldade em permanecer em silêncio, em se envolver em atividades tranquilas e como uma inquietação que parece não ter fim. Essa inquietação vem em forma de impaciência, de não deixar o outro falar, de interromper conversas, de não esperar sua vez pra nada, de fazer interrupções constantes e de não conseguir concluir tarefas.
A desatenção, outro sintoma clássico e bem mais comum que a hiperatividade, se manifesta de diversas formas. É comum que a pessoa não preste atenção nos detalhes e cometa erros que, se fizesse as coisas com calma e atenção, não cometeria. O que parece, na maior parte do tempo, é que a pessoa está “fora do ar”, em um mundo à parte.
A dificuldade de concentração em assuntos que não são do seu interesse também é uma característica bastante comum, assim como a desorganização, que é predominante.
Palavra de quem tem déficit de atenção: existe um “duende da bagunça” que coloca tudo fora do lugar, porque não é possível que uma pessoa sozinha consiga ser tão desordeira!
Beijos
Ju Lopes