Pesquisas realizadas sobre hábitos e práticas alimentares de pessoas portadoras de doença celíaca, demonstraram que a prevalência da doença celíaca entre os países e em populações europeias ou de ancestralidade europeia varia de 0,3% a 1,0%. Estima-se que existam hoje 3 milhões de pessoas afetadas na Europa, outras 3 milhões afetadas nos Estados Unidos e 10 milhões de afetados na China.
No Brasil, os dados estatísticos oficiais são desconhecidos, mas a estimativa é de que existam mais de 300 mil brasileiros portadores da doença, sendo que a grande maioria sequer tem conhecimento da mesma.
Como se vê, a doença celíaca é hoje um problema de saúde publica, o que é ainda mais complicado em países em desenvolvimento, onde os métodos de diagnósticos e os alimentos livres de glúten não são de fácil acesso.
Estudiosos sustentam que no caso da doença celíaca, há uma forte associação com susceptibilidade genética, e ela pode ser dividida em clássica, não clássica, latente e assintomática.
Na forma clássica, que é a mais comum aqui no Brasil, as manifestações da doença celíaca são predominantemente gastrointestinais e tendem a começar cedo, entre seis meses e dois anos de idade, que é quando, via de regra, se introduz o glúten na dieta. Aqui, as crianças tendem a apresentar diarreia constante, hipotrofia muscular, desidratação e distensão abdominal, chegando-se a casos em que a má absorção intestinal alcança níveis tão altos que a criança fica desnutrida.
A doença celíaca atípica geralmente surge mais tarde, após os cinco anos de idade. Aqui, as queixas mais comuns são as extra intestinais, embora possa ocorrer a sensação de “empachamento”, a prisão de ventre, o enjoo e o vômito.
Um dado interessante nesse caso é que a baixa estatura é característica marcante para casos de doença celíaca atípica, além da anemia ferropriva e os defeitos no esmalte dentário.
A doença celíaca silenciosa é assintomática. Ou seja, ela não apresenta sintomas, mas quando a pessoa faz o exame, a sorologia dá positiva. Pior, assim como a doença celíaca clássica, ela causa atrofia da mucosa intestinal, e é até cinco vezes mais alto o seu grau de incidência do que da doença celíaca sintomática.
Um dado importante é que muitos casos desse tipo de doença celíaca foi diagnosticado em pacientes do chamado “grupo de risco”, como, por exemplo, os portadores de diabetes mellitus tipo 1.
O tratamento, também nesses casos, é baseado na dieta alimentar isenta de glúten.
Em se tratando da forma potencial e latente da doença celíaca, sabe-se que elas apresentam biópsia intestinal sem alterações e testes positivos, mas sem as manifestações e sintomas clássicos da doença.
No caso dos pacientes com doença celíaca potencial, a evolução não é conhecida. Já a forma latente diz respeito aos casos em que os “pacientes” não apresentam sintomas mesmo quando consomem glúten, mas já apresentaram, em algum momento, alterações relacionadas à doenças que se normalizaram com a dieta correta.
Vale ressaltar que a forma latente pode persistir por muito tempo antes que ocorra uma nova crise, mesmo que ocorra a recuperação da mucosa intestinal.
Beijos
Ju Lopes