Influência da Família e dos Amigos no Hábito Alimentar
Mais uma vez trouxemos a nutricionista Tamires Medeiros par explicar um pouquinho como funciona o processo de aprendizagem alimentar.
[box] Pode não parecer, mas isso é muito importante, sobretudo pra quem tem filhos pequenos, já que é na infância que os padrões alimentares se formam, e os hábitos adquiridos nessa fase acompanharão a criança por toda a vida.[/box]
Vejam só o que ela explicou sobre o contexto social da coisa, sobre a influência dos amigos, pais, professores e familiares:
“O processo de aprendizagem sofre influências dos mais diversos âmbitos, sendo que o contexto cultural e o social são os mais determinantes na formação dos hábitos alimentares. Hábitos esses que acompanharão a pessoa por toda a vida”.
O contexto social influencia de forma drástica e direta a experiência alimentar, os padrões de alimentação e o desenvolvimento sócio emocional dos indivíduos, bem como a relação familiar.
As primeiras interações entre pais e filhos, sobretudo mãe e filho, acontecem através da alimentação, que nos primeiros meses de vida se resume a amamentação.
Período de lactação
Durante o período de lactação é possível para os pais identificar o prazer ou a falta de prazer em relação ao sabor pela expressão facial, sendo que no período subsequente, quando outros alimentos começam a ser inseridos na dieta da criança, há uma mudança significativa na rotina alimentar, com reconhecimento de novos sabores e desenvolvimento de padrões alimentares.
É nesse momento que a criança começa a identificar sabores, volume de comida e a se adaptar de acordo com os processos de aprendizagem a qual ela foi submetida.
Já nesse instante a reação afetiva e o contexto social começam a determinar as preferências alimentares, por isso é de fundamental importância que os pais e a escola ofereçam opções saudáveis e nutricionalmente balanceadas desde a primeira infância.
Alimentação X Vida Social
Existe, entre o contexto social e o consumo de alimentos, uma dinâmica determinante na formação dos hábitos alimentares, pois as escolhas são também atos de comunicação e de interação social, além de serem, ainda, um reflexo do contexto cultural.
A psicologia social da alimentação vem abordando o impacto que a nossa interação social e o contexto social no qual estamos inseridos influência a qualidade e a quantidade de alimentos que ingerimos.
[box type=”info”] É notório que o nosso comportamento alimentar é modificado de acordo com o ambiente em que estamos inseridos. Assim, o contexto social determina, inclusive, a quantidade de alimentos ingeridos, que geralmente é maior quando estamos em grupo, o que se chama facilitação.[/box]
Além disso, experiências positivas ao longo de uma refeição podem facilitar a relação da criança com o alimento, bem como induzir a sua preferência. Da mesma forma, uma experiência negativa pode levar a rejeição de determinado alimento ligada aquela experiência.
Isso se torna evidente quando observamos que ao oferecermos alimentos com baixa palatabilidade (como verduras e saladas) dentro de um contexto negativo a criança cria resistência ao alimento, sobretudo quando ela se vê coagida a experimentá-lo.
No lado oposto, observa-se que doces e salgadinhos são sempre oferecidos em momentos de descontração e de alegria, o que aumenta a preferência por este tipo de alimento.
Por isso, a coação é tida como fator que interfere negativamente na preferência por determinado alimento, já que pode criar uma rejeição pelo alimento justamente por conta da pressão exercida.
[box type=”bio”] A coação e a recompensa, chamadas de alimentação instrumental, possui grande influência no comportamento alimentar infantil e gera efeito imediato, mas esse efeito, apesar de eficiente a curto prazo, mostra-se negativo a longo prazo pois gera efeitos adversos nas escolhas alimentares.[/box]
É importante fomentar na criança o interesse por uma alimentação nutricionalmente balanceada, assim como é de fundamental importância que a alimentação em família seja uma experiência agradável, para aumentar a aceitação dos alimentos pela criança.
O contexto social que, inicialmente, oferece maior efeito no processo de aprendizagem alimentar infantil é a refeição, já que é naquele momento que a criança irá conviver com pais, irmãos e parentes que lhe servem de modelo.
Por isso, é fundamental que neste momento a família empregue meios lúdicos para ensinar a criança o que e como comer.
O processo de formação da identidade alimentar pode ser facilmente direcionado se escola e família, em conjunto, desenvolverem meios que estimulem, de forma criativa, equilibrada e dinâmica a escolha dos alimentos.
Toda ação que vise a correta formação de hábitos alimentares deve ser realizada tendo em vista resultados a longo prazo, vez que a ansiedade de provocar mudanças rápidas no processo alimentar se torna o principal obstáculo nesse processo.
[box type=”bio”] Um trabalho a longo prazo de educação nutricional que envolva família, escola e comunidade pode levar a construção de conhecimentos significativos sobre a alimentação, com incorporação de hábitos saudáveis, visando uma melhor qualidade de vida e saúde para as crianças.[/box]
A orientação nutricional correta por parte dos pais conta com socialização alimentar, informação nutricional, disponibilidade de alimentos e sabores variados, preparo de qualidade dos alimentos disponibilizados e experiências positivas relacionadas à alimentação.
[box] Isso gera uma promoção alimentar adequada e que tende a permanecer ao longo da vida, pois as escolhas alimentares dos pais determinam as escolhas alimentares das crianças, e são essas escolhas que vão dar origem ao hábito alimentar.[/box]
Deve-se levar em conta, contudo, que não só a família é determinante no contexto social da alimentação, mas também a escola e os meios de comunicação como a internet e a televisão.
Tanto a internet quanto a televisão apresentam um grande impacto na formação do hábito alimentar devido ao apelo que as propagandas têm junto ás crianças, induzindo-as ao consumo de determinados alimentos.
Isso é problemático na medida em que a seleção dos alimentos ingeridos é influenciada pela escolha das crianças, que na maioria das vezes sofre influência direta das propagandas veiculadas nos meios de comunicação”.
Interessante isso, não é?
É legal ver a opinião de um profissional sobre o assunto até pra saber “de onde” vem os nossos hábitos e como mudá-los, porque se uma mãe quer que a criança mude os hábitos, ela tem que ser a primeira a mudar, não é mesmo?
Em breve mais posts sobre o assunto!